Blog

Por Helena Queiroz 9 de janeiro de 2025
A maternidade sempre foi contada de forma idealizada, como se fosse um caminho linear e perfeito. Não é à toa que muitas mães se perguntam: “Por que ninguém nunca me contou isso?” diante dos desafios físicos e emocionais de gestar, parir e cuidar de um bebê. Felizmente, a abertura para relatos reais tem mudado esse cenário, permitindo que o cansaço, as dúvidas e as frustrações sejam reconhecidos como parte legítima dessa experiência. Contar a sua história é um ato poderoso. Compartilhe com quem está próximo ou com grupos de mães que vivem desafios semelhantes aos seus. Trocar vivências ajuda a aliviar o peso das expectativas irreais e fortalece a sensação de pertencimento. A internet, apesar de muitas vezes projetar metas inalcançáveis, também pode ser uma fonte valiosa de conexões e suporte, ajudando você a encontrar uma rede de apoio genuína. Lembre-se de que cada maternidade é única. Respeite as nuances da sua experiência e procure espaços de acolhimento e empatia. Sua história importa — e há quem queira ouvi-la. Se você quer saber mais sobre os desafios e as nuances da maternidade, acompanhe nosso blog para reflexões e apoio real. Siga também no Instagram: @helenaqueiroz.psi e faça parte dessa rede de acolhimento!
Por Helena Queiroz 9 de janeiro de 2025
O pós-parto é um período de emoções intensas e contraditórias. O bebê idealizado, que você gestou e imaginou, agora está ali, real e demandante. Esse encontro marca o início de uma relação única com o “Outro” – um ser com desejos próprios, que muitas vezes divergem das fantasias prévias. A maternidade traz ambivalência: amor profundo e exaustão, alegria e medo. É essencial reconhecer esses sentimentos como legítimos. Na visão psicanalítica, conflitos internos são parte natural da construção do vínculo. Donald Winnicott nos lembra que não é necessário ser perfeita, mas sim uma “mãe suficientemente boa”, responsiva às necessidades do seu bebê e não dos ideais aplicados a crianças genéricas de livros e cursos. Nesse período, a relação com terceiros pode ser desafiadora. É vital estabelecer limites e pedir ajuda assertivamente, priorizando o vínculo simbiótico com o bebê. A rede de apoio deve ser fonte de segurança, dividindo responsabilidades e oferecendo suporte emocional. Delegar tarefas não é perder o controle, mas criar espaço para o descanso e a recuperação. O pós-parto também envolve um luto simbólico pela perda de quem a mãe era antes, enquanto ela aprende a habitar esse novo papel. Esse processo, embora intenso, é parte de sua construção como mãe e como indivíduo. Se você quer entender mais sobre os desafios e descobertas da maternidade, acompanhe nosso blog e siga no Instagram @helenaqueiroz.psi . Juntos, podemos construir um caminho de acolhimento e autoconhecimento.
Por Helena Queiroz 9 de janeiro de 2025
A gravidez é um período de transformações profundas, não apenas no corpo, mas também na mente. À medida que o bebê cresce, as emoções se tornam mais intensas e, muitas vezes, contraditórias. Entre a expectativa e o encantamento, também podem surgir medos, dúvidas e inseguranças. Por isso, cuidar da saúde emocional durante a gestação é tão essencial quanto cuidar do corpo. A mulher pode se deparar com mudanças na identidade, novas responsabilidades e, muitas vezes, com memórias e emoções do passado que vêm à tona. Reconhecer e acolher essas sensações é um passo importante para viver esse processo de forma mais saudável. Investir no cuidado emocional pode assumir diferentes formas. Conversar com pessoas de confiança, participar de grupos de apoio, praticar atividades que promovam bem-estar e buscar ajuda profissional, como a terapia, são formas eficazes de lidar com os desafios emocionais desse período. Além disso, a criação de um espaço interno de acolhimento para si mesma reflete positivamente no vínculo com o bebê, favorecendo uma conexão mais segura e amorosa. A saúde emocional não é apenas um cuidado individual, mas também um alicerce para a experiência da maternidade. Reconhecer suas emoções e buscar apoio quando necessário são atos de autocuidado que contribuem para uma gestação mais plena e para um início mais seguro nessa jornada transformadora. Se deseja aprofundar mais sobre esse tema ou explorar estratégias de cuidado emocional, continue acompanhando nosso blog. Afinal, cada passo nessa jornada merece ser vivido com acolhimento e informação. E siga também no Instagram: @helenaqueiroz.psi . Lá, compartilhamos dicas, reflexões e conteúdos que vão inspirar sua caminhada!
Por Helena Queiroz 11 de dezembro de 2024
Que a sociedade não é gentil com as mulheres não é novidade. Desde pequenas, somos carregadas de responsabilidades grandiosas e expectativas bem definidas sobre quem deveríamos nos tornar. Ser mãe, muitas vezes, é o ápice dessas expectativas: esposa devotada, dona de casa impecável e mãe amorosa. Mas a verdade é que, ao se tornar mãe, você descobre que, para os outros, nunca será o suficiente. Surgem então demandas infinitas, muitas vezes disfarçadas de "cuidado". Além da pressão geracional, transmitida de forma quase imperceptível, há os palpites de amigos e familiares, as regras impostas por uma legião de especialistas e o bombardeio de informações na internet — tantas vezes conflitantes e confusas. E, como se não bastasse, há também a autocrítica, implacável e rígida. Afinal, você quer acertar. Quer fazer o melhor para o seu filho. Essa combinação cria mães exaustas, sobrecarregadas, e invadidas por um sentimento de insuficiência. Justo num momento em que seria essencial ter apoio e compreensão para o delicado período de adaptação com o bebê — único em cada experiência —, surge a cobrança por dedicação total, por perfeição, e pela renúncia de qualquer traço da mulher que você era antes. É verdade que sua vida não será mais como antes, mas isso não significa que essa transição precise ser automática, nem que ela não exija trabalho emocional. Existe um luto, uma elaboração e uma reorganização envolvidos nesse processo. E, embora seja desafiador e requeira coragem, abrir mão da ideia sufocante de "dar conta de tudo" pode ser incrivelmente libertador. Construir uma maternidade baseada no reconhecimento de suas próprias limitações e vulnerabilidades não faz de você uma mãe falha. Pelo contrário: fortalece o vínculo com seu filho, criando um ambiente mais autêntico e emocionalmente seguro. Aceitar que o seu "melhor possível" é suficiente ajuda a dissolver essa culpa que insiste em soterrar você como sujeito. No fim das contas, tem que fazer. E fazer é, inevitavelmente, errar. Me acompanhe no Instagram para mais dicas sobre como lidar com a maternidade de forma mais leve e autêntica! E não deixe de explorar outros textos do nosso blog, onde abordamos temas essenciais para o seu bem-estar emocional. Estou aqui para ajudar você a encontrar o equilíbrio que merece!
Por Helena Queiroz 11 de dezembro de 2024
O fim do ano de 2024 está marcado pela estreia do filme Ainda Estou Aqui, baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva (2015) e dirigido por Walter Salles. A obra nos convoca, mais uma vez, a revisitar as dores e cicatrizes deixadas pela ditadura civil militar brasileira, um período sombrio da nossa história. Mais do que recordar, somos desafiados a refletir sobre seus efeitos e reafirmar o compromisso de combater qualquer repetição dessa tragédia. Marcelo Rubens Paiva subverte a narrativa tradicional da ditadura ao lançar luz sobre a maternidade em um contexto de opressão e perda. Em sua obra, o autor realoca o centro da história: o pai, Rubens Paiva, emerge como vítima do regime, enquanto a mãe, Eunice Paiva, torna-se a heroína silenciosa e resiliente. De um lugar profundamente íntimo — o de filho que vivenciou um trauma brutal —, Marcelo constrói um tributo à força e à luta de sua mãe, revelando facetas pouco exploradas da resistência. O filme é absolutamente justo no que diz respeito à família: uma família abastada, branca, residente à beira do mar no Rio de Janeiro, cercada por amigos, drinks e música. Um caso dentre centenas de milhares que chegou à mídia. O chefe da família Paiva foi sequestrado, torturado, preso, assassinado e teve os restos mortais desaparecidos pelo militarismo visto que foi identificado como opositor à máquina governamental. Deixou para trás uma esposa sem renda fixa, cinco filhos, dúvidas e um luto inelaborável visto que o desaparecimento de um ente é uma tortura infinita também aos familiares pela dúvida, a incerteza e a esperança que coexistem em cada um. Eunice Paiva, após ser presa, duramente interrogada por autoridades do exército e ter visto o sequestro de seu marido dentro de casa, silenciou sua angústia em detrimento da segurança dos f ilhos e da luta por explicações e justiça pelo desaparecimento de seu marido. Mesmo sendo protagonista do filme, o papel de Eunice é silenciar, agir na contra-mão, nos bastidores. Privada de se desesperar, de enlouquecer, de extravasar e, muito menos, de desistir, ela se tornou uma militante pelos direitos humanos, defensora da memória dos desaparecidos políticos e uma advogada crucial para a luta pelos direitos das populações indígenas no Brasil. Esta mãe precisa, no meio de uma dor imensurável, criar cinco filhos, assumir a administração de uma casa, se inteirar judicialmente do que pode ser feito em prol do marido. É um protagonismo amplamente invisibilizado. Mais do que um retrato de uma mãe ou de uma família, Ainda Estou Aqui é uma obra sobre resistência. Ao trazer Eunice para o centro da narrativa, o filme expõe o protagonismo invisível de tantas mulheres que, em meio à dor, encontram força para continuar lutando — por seus filhos, por justiça e por memória.
Por Helena Queiroz 29 de abril de 2024
Não é surpresa para nenhum de nós a alta do individualismo. A ideia de priorizar a si mesmo antes do outro e de cultivar o amor próprio para então amar o próximo, parece criar a ilusão de que podemos nos distanciar do mundo ao nosso redor para nos munirmos das ferramentas necessárias para sermos pessoas suficientemente boas. A meritocracia propagou-se massivamente, impulsionando frases clichês de superação e empoderamento pessoal, simplificando não apenas o ato de amar, mas também o de se amar. Porém, se fosse tão simples como fizeram parecer, as questões de autoestima e narcisismo não teriam um impacto tão determinante em nossas relações e nem seriam pautas tão presentes no divã. Uma escritora norte-americana, em sua teoria (2021), elevou a palavra amor à condição de conceito, definindo-a para além de um simples sentimento. Ela situou o "amor coletivo, político e ética de vida" no cerne da sociedade. Se assim fosse, o amor-próprio seria percebido sob uma nova perspectiva. Vejamos:  A insegurança surge em relação a algum ideal, a uma construção inatingível baseada nas expectativas alheias. Esses ideais de aparência, produtividade e aceitação moldam nossa autoimagem desde a infância, influenciados pelas figuras cuidadoras e suas expectativas para nosso futuro. Pensando assim, "o amor-próprio não pode florescer em isolamento"; precisamos estar inseridos em ambientes que promovam respeito, confiança, comunicação e responsabilidade. Ambientes que sejam terreno fértil para acolher nossos erros, processos de aprendizado e transformação. Amar a nós mesmos não é uma escolha individual. — Tudo sobre o amor: novas perspectivas - bell hooks, 2021.
Por Helena Queiroz 28 de março de 2024
“Quando o luto pedir silêncio, aceite o convite.” ¹
Por Helena Queiroz 9 de agosto de 2023
A mãe dessa criança certamente está sobrecarregada, equilibrando diversos pratinhos em algum lugar enquanto assegura que as crianças estejam bem cuidadas e alimentadas. Por outro lado, o pai não está em milhares de certidões de nascimento e também não está presente em muitos lares- quando está, nem sempre exerce o papel de cuidador para os filhos. Quando pensamos num homem enquanto "pai ausente", sobre o que estamos falando? O que significa ser pai? Qual é o papel de um pai? Será um privilégio não suportar o peso emocional de ter um filho e simplesmente ir embora? É possível ser pai e mãe ao mesmo tempo? Existe realmente a figura do pai ausente? Alguém pode não ter pai? Bem, mesmo que eu quisesse, não poderia responder a todas essas perguntas. No entanto, um fato é claro: pela sua ausência, a figura paterna se tornou presente em toda essa reflexão e no psicológico de muitas pessoas. Para as pessoas que desconhecem a figura do pai, falar sobre os efeitos dessa falta é primordial. Por outro lado, parece razoável afirmar que os debates sobre parentalidade precisam incluir mais a perspectiva masculina. Para que as mulheres possam dividir responsabilidades e, consequentemente, vivenciar uma parentalidade mais leve, é essencial que os homens possam curar suas próprias feridas e, finalmente, assumir o papel paterno.
Por Helena Queiroz 8 de agosto de 2023
A psicologia perinatal, embora possa parecer uma novidade, já vem sendo estudada há muitos anos. Como sabemos, escolher o nome de um bebê é um processo que envolve uma sinergia entre o mágico e o desafiador. Um nome carrega consigo um significado profundo. E aqui, não é diferente: há quem a chame de psicologia da maternidade, psicologia da gestação, parto e puerpério, pré-natal psicológico, psicologia obstétrica... Apesar da falta de consenso na escolha do termo, quero informar que sou pós-graduanda em Perinatalidade, Parentalidade e Psicanálise e estou pronta para auxiliá-los em qualquer fase que vocês estejam em relação aos seus filhos. No nascimento, é comum que a atenção esteja voltada para o bebê, seus cuidados e necessidades. No entanto, para que as mudanças da rotina sejam bem integradas, é fundamental que os cuidadores da criança estejam bem. Aqui, o foco não está na criança, mas nos adultos envolvidos. Como uma especialidade que se aprofunda com seriedade e base teórica em tudo que envolve um nascimento, a psicologia perinatal abrange todo o núcleo familiar, abordando novas dores e aquelas que não puderam ser curadas com o tempo. Afinal, antes de assumir a parentalidade, todos são, em primeiro lugar, filhos. Além de acolher as mulheres que decidiram, junto com seus parceiros, o momento de engravidar, a psicologia perinatal também oferece apoio às tentantes, às arrependidas, às que passaram pela perda de um bebê em gestação ou recém-nascido, às que enfrentaram a frieza da UTI Neonatal, às que têm filhos com deficiência, ou são deficientes elas próprias, às mulheres com gestações não planejadas, múltiplas, por FIV ou outros métodos que não sejam naturais, àquelas que engravidaram na adolescência ou depois dos trinta e tantos anos, às que optaram por passar por essa experiência sem a presença de um segundo responsável legal, às famílias homoafetivas, negras, interraciais, adotivas, às que dependem e às que não dependem do Sistema Único de Saúde, às parentalidades transexuais, aos pais, avós, irmãos, tios... Esses são apenas alguns exemplos das muitas realidades contempladas por essa especialidade. Seja qual for a sua forma de vivenciar a parentalidade, você merece receber suporte de um profissional atualizado cientificamente e bem versado nas questões que envolvem a concepção, o parto e a criação de um ser humano que será inserido em um ambiente já repleto de particularidades. Entendo que não seja uma jornada fácil, mas encontrar uma comunidade atenta e disposta a te apoiar já é um grande passo em direção ao seu bem-estar e ao da sua família.
Por Helena Queiroz 8 de agosto de 2023
Cansada das "cinco formas milagrosas que vão resolver a sua vida da noite para o dia" e cética em relação à terapia, vista como apenas mais uma tarefa a ser cumprida, descubro a Psicanálise. Ela emerge como uma resposta desafiadora aos discursos normativos. Carregando o peso e a velocidade da contemporaneidade em meus ombros, as sessões de análise rompem com a noção de produtividade, convidando-me a uma jornada profunda que resulta em uma simbiose entre alívio e angústia. A proposta é desatar nós e, gradualmente, acessar aspectos simultaneamente estranhos e familiares. O inconsciente, frequentemente temido no senso comum, é o objeto (nada concreto) de estudo da Psicanálise. É como se fosse o quarto da bagunça, onde você nem lembra mais o que está guardado ali: os acumulados, o que deixamos para lidar em outro momento ou o que não conseguimos encarar todos os dias e acabamos por esconder lá. No entanto, ao contrário de um porão escuro, o nosso inconsciente é ativo e, portanto, age constantemente, influenciando nossa rotina e a maneira como percebemos o mundo. Afinal, apesar de não nos lembrarmos exatamente, nós reconhecemos tudo o que está lá. O conteúdo do inconsciente é o aspecto mais primitivo de nós, que, em grande parte, afetaria a ordem social se fosse exposto na superfície de quem somos. Ele impactaria nosso desempenho, nossa forma de nos relacionarmos e como nos comportamos diante das situações. O método psicanalítico é uma ferramenta segura que conduz ao acesso a esse conteúdo íntimo que todos temos debaixo de algum tapete da vida. A proposta é que você fale livremente, com autonomia sobre o seu próprio processo analítico, e se abra para si mesmo. Explorar seus desejos e medos é um ato político!
Mais Posts
Share by: